Endividamento na capital cresce pela terceira vez consecutiva

jul 15, 2016

 

O endividamento das famílias capixabas volta a subir. Em junho, 66,7% das famílias de Vitória estão endividadas, cerca de 84 mil famílias endividadas, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Federação do Comércio de bens, Serviços e Turismo do Estado do Espírito Santo (Fecomércio-ES).

A quantidade de endividados com contas em atraso, os inadimplentes, cresceu 0,6 pontos percentuais passando a registrar 26,3%. No mês passado, as famílias que não teriam condições de pagar suas dívidas representavam 11,7% sinalizando o aumento da inadimplência para os próximos meses, fato que se consolidou em junho. Por outro lado, o percentual de famílias que afirmaram que não terão condições de honrar seus compromissos caiu para 10,5%.

Na comparação com junho de 2015, o endividamento foi menor em 2,8%, marcando 63,9%, bem como o percentual de inadimplentes (25,3%) e o daqueles que declararam não ter condições de honrar as dívidas (9,8%).

Tipo de dívida

Entre os endividados, a parcela de comprometimento da renda das famílias com dívidas (como por exemplo, cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal, prestações de carro e seguros) corresponde, em média, a 29,6%. A maior parte das famílias possui entre 11% e 50% da renda comprometida com esses débitos.

O principal meio de dívida das famílias é o cartão de crédito (57,2%), que,  vem sofrendo quedas consecutivas em detrimento do crescimento do crédito pessoal (26,6%). No mesmo período do ano passado, o crédito pessoal correspondia 9,1% das famílias, enquanto o cartão de crédito atingia 74%.

O endividamento é reflexo da situação do país e o consumidor está se adaptando, segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Vitória, João Elvécio Faé. “A mudança de comportamento do consumidor sinaliza isso: de sair do cartão, com juros altos, e migrar para o crédito pessoal, em que consegue renegociar a dívida ou obter o perdão dos juros, como tem sido nos mutirões de renegociações realizados no Estado, para tentar resolver a inadimplência”, pondera.

Renda familiar

O número de endividados é maior entre as famílias com renda de até dez salários mínimos (71%), enquanto para as famílias com renda maior o percentual atinge 40%. A mesma tendência é verificada para as famílias com contas em atraso e aquelas que não terão condições de pagar as dívidas em atraso.

A renda das famílias vem sendo afetada pelo aumento de preços, principalmente, nos bens básicos de consumo, segundo o presidente da Fecomércio-ES, José Lino Sepulcri. “Os dados ainda refletem o resultado de taxas de juros elevadas, inflação e deterioração do mercado de trabalho o que impacta diretamente na inadimplência e na perspectiva das famílias em honrar seus compromissos”, revela.