O Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), em Vitória (ES), da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), está na expectativa de retomar o programa de transplantes de rim e passar a ter a terceira equipe em território capixaba com esta habilitação. Os transplantes de rim foram realizados no Hucam entre 1992 e 2013. De acordo com o chefe da Unidade de Gestão de Transplantes, professor Lauro Monteiro Vasconcellos Filho, a unidade aguarda o sinal verde do Sistema Nacional de Transplantes para voltar a fazer este tipo de cirurgia. O credenciamento já foi enviado e todas as exigências foram contempladas, a partir da entrada da Ebserh na gestão do hospital, em 2013. Atualmente, o hospital realiza transplantes de córnea.
“Estamos na expectativa de, em bem breve, retomar o programa, começando pelo renal, algo que já fizemos no passado”, conta o professor.
A carreira de Vasconcellos Filho na medicina se mistura com a história dos transplantes de rim no Estado. Por iniciativa de profissionais da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a primeira cirurgia deste tipo foi feita há exatos 40 anos, no Hospital São José.
“Na ocasião, não tínhamos condições de realizar a cirurgia no hospital universitário. Então, realizamos o transplante de forma conveniada, mas pelo sistema público”, explica o professor doutor em nefrologia, com PhD na Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos.
Depois daquela primeira cirurgia, segundo Vasconcellos Filho, já foram feitos cerca de 2.300 transplantes de rim no ES, aproximadamente 300 delas no Hucam, no primeiro período em que possuiu o credenciamento. Da mesma forma, partiu de profissionais do Hucam o pioneirismo no domínio da técnica de transplante de fígado no Estado, a partir de 2001.
“O hospital universitário é formador de profissionais, o que dá matéria-prima ideal para manter a contribuição em procedimentos de alta complexidade. Andamos na direção de ajudar o Espírito Santo a oferecer serviços que não se oferecem com facilidade no Sistema Único de Saúde”, completa Vasconcellos Filho.
Mesmo com todos os avanços, o Espírito Santo ainda tem muito a evoluir, o que dá importância para a campanha Setembro Verde. De acordo com dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, no primeiro semestre de 2016, 49 famílias foram entrevistadas para responderem sobre a intenção de doar órgãos e tecidos de parentes que acabavam de ser diagnosticados com morte cerebral. Apenas 17 concordaram com a doação, o equivalente a 35%. É menos do que a média nacional, em que 56% das famílias entrevistadas concordam com o gesto de solidariedade. O exemplo de sucesso neste quesito no Brasil é o estado de Santa Catarina, em que 64% dizem sim a retirada de órgãos de seus entes diagnosticados com morte cerebral.
Hucam na campanha
O objetivo é convencer a cada cidadão de que é importante conversar com a família sobre a disposição em ser doador de órgãos. Já nos dias 26 e 27, integrantes da Unidade de Transplantes do Hucam, da Cihdott e profissionais da Unidade de Apoio Multiprofissional do hospital farão números de teatro de fantoches para pacientes em tratamento de hemodiálise na Nefrologia, das 7h às 7h30 e as 13h às 13h30. Confira em anexo a programação da Semana Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes no Hucam, que ocorre entre os dias 28 e 30 de setembro. O Hucam, por obrigação legal, mantém sua Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (Cihdott), com especialização para realizar as entrevistas a parentes de possíveis doadores diagnosticados com morte cerebral.
