Vitória: muros do Romão e Forte São João ganham grafite que resgata história dos bairros

set 23, 2017

Foram grafitados dois muros, com uma extensão de 260 metros quadrados, aproximadamente, na Rua José Martins da Silva, nos bairros Romão e Forte São João. A obra retrata parte das vivências dos moradores da região, além da relação entre o lugar e as ligações afetivas, a partir do olhar dos agentes locais.

O trabalho foi realizado pelo artista Renato Pontello e uma equipe de seis pessoas, com a participação do grafiteiro e educador do Romão Ed Brown, que mora no Forte São João há 24 anos.

“Foi uma grande satisfação ter participado desse projeto na comunidade do Romão/Forte São João. Essa intervenção só veio agregar e deixar o rebaixamento com uma cara nova, com mais colorido. Foi muito importante ver cada sorriso no rosto dos moradores, e dos elogios de cada um que passava na hora que estávamos pintando. Saber que a equipe que participou desse projeto, se entregou de coração para deixar a comunidade mais bonita, me deixa muito feliz” afirma Brown.

De acordo com Renato, a ideia para a pintura era contribuir com o fortalecimento do senso de comunidade. “Em um dos muros, a narrativa visual faz menção à história do bairro e da rua, por ela possuir grande importância para o desenvolvimento local”.

Moradores antigos

O primeiro muro simboliza o trabalho dos moradores mais antigos do bairro. “O muro retrata a conquista no trabalho de abrir a rua e o esforço dos moradores em carregar tudo que precisavam levar para casa nas costas. Por isso ele dialoga tanto com as pessoas de gerações passadas, que viram e participaram de todas as mudanças”.

Nova geração

Já o segundo trabalho dialoga com a nova geração da comunidade. “A outra parede, direcionada aos mais novos, principalmente as crianças, tratou dos sonhos, da criatividade e da responsabilidade e participação dos mais jovens na construção desse futuro. Queríamos trabalhar o carinho, o orgulho e o entendimento de que aquele lugar é especial e único”.

Etapas

O projeto foi dividido em três etapas: Imersão, Criação e Execução. A Imersão foi realizada entre equipe e comunidade. O objetivo era definir o tema desenvolvido, por meio de reconhecimento do local, através das ruas e becos dos bairros, e entrevistas para coletar informações sobre história, referências e símbolos dos moradores.

Na Criação, o artista Renato Pontello e a equipe desenvolveram o conteúdo do processo criativo, que visa retratar a identidade e os valores presentes na comunidade.

A etapa de Execução desenvolveu o layout do desenho, que foi pintado envolvendo a participação de agentes locais, como crianças, moradores e artistas.

“A importância dessa ação está nos moradores se sentirem participantes da obra e se identificarem nela. Por meio da imersão que realizamos no bairro, pudemos conhecer melhor o local e uma parcela de moradores e, com isso, ouvir deles suas relações e sentimentos com o bairro e a comunidade. Isso nos permitiu desenvolver uma obra que se comunica mais profundamente com eles”, disse Pontello.

Para Renato, esse tipo de ação aproxima a população do universo da arte. “Elas ampliam o repertório cultural, expandindo o imaginário e o leque de possibilidades das pessoas que frequentam o local”.

Valorização do artista

“Essa ação no bairro Romão, além de contribuir para o processo de produção, difusão, circulação e fruição da arte e da cultura, proporciona um momento de criação coletiva e de fortalecimento da noção de pertencimento da comunidade”, explicou a coordenadora do projeto, Fernanda Bellumat.

A Arte é Nossa

O projeto A Arte é Nossa é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura (Semc) que tem como objetivo humanizar os espaços públicos por meio de intervenções artístico-urbanas e, assim, democratizar a produção artística local para além dos espaços tradicionais de exposição.

Desde 2013, aconteceram 14 ações em muros da cidade, através de parcerias com artistas locais ligados ao grafite, à arte-relevo e a outras técnicas, transformando as ruas de Vitória em uma grande galeria urbana.