Se em abril a confiança dos empresários capixabas havia chegado ao pior índice da série histórica, maio foi ainda pior
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) do mês de maio, divulgado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES), aponta para a menor retração do índice da série histórica (74,8 pontos), que já havia sido batido em abril (77 pontos). Na comparação anual, o índice recuou 26,4 pontos. Somente em 2015, já retrocedeu 21,4 pontos.
José Lino Sepulcri, presidente da entidade, compartilha do resultado. “A síntese do trabalho do empresário é investir, vender e lucrar. A partir do momento em que a inflação retorna, 30 anos depois, corroendo o poder de compra do capixaba, o empresário deixa de vender, não lucra e se vê obrigado a parar de investir. Como manter a confiança em um cenário tão depressivo como esse que se apresenta? O otimismo caminha do moderado para o baixo”, afirmou.
Atuais condições do comércio, expectativas e investimentos
Os empresários do comércio julgam que suas condições pioraram 16,2 pontos desde março, chegando aos 38 pontos. As atuais condições da economia recuaram 16,1 pontos nos últimos três meses e as condições do setor como um todo retrocederam 14,3 pontos no mesmo período.
A expectativa dos comerciantes caiu 3,5 pontos desde março, e 0,1 pontos entre abril e maio. A esperança quanto à economia brasileira retraiu 5,5 pontos e quanto ao comércio – 4,9 pontos nos últimos três meses. A expectativa das empresas comerciais caiu 0,1 pontos no mesmo período, mas retomou fôlego em comparação a abril e aumentou 2,9 pontos.
O nível dos investimentos está 9,5 pontos menor desde março. O principal corte se deu na contratação de funcionários (16,6 pontos desde março). O nível de investimento das empresas (7,7 pontos) e o nível dos estoques (3,9 pontos) também contabilizaram queda no mesmo período.
No norte capixaba, a situação de desconfiança se mantém, de acordo com o presidente dos Lojistas do Comércio de Linhares, Ilson Alves Pessoa. “Linhares é um polo comercial muito forte e que influencia diretamente no saldo da balança econômica do nosso Estado. Estávamos em pleno crescimento e, de repente, nos vemos nessa situação de paralisia. Fazemos reuniões periódicas com empresários do comércio e a situação é preocupante. Sofremos com a constante inadimplência, dias ociosos em excesso (feriados), mas creio que o governo possa diminuir os prejuízos com incentivos até o fim do ano. Obviamente não cresceremos da forma como pretendíamos e precisávamos, mas ainda é possível atenuar a situação”, disse.
Avaliação por porte e atividade
Em maio, a confiança das médias e grandes empresas retrocedeu 14,4%, em comparação a abril. A situação atual do comércio registrou retração de 53,7% em relação ao mês anterior. O mesmo ocorre com as condições atuais da economia (51,5%) do comércio (52,7%) e das empresas comerciais (55,2%), que também contam com a desconfiança desses empresários. Por outro lado, apesar de diminuírem o nível do estoque em 24,8%, investiram na contratação de pessoal em 25%. Entre as micro e pequenas empresas o nível de contratações caiu 12,1% e julgam que as atuais condições da economia estão 15,8% piores.
As empresas de produtos duráveis estão 14,3% mais insatisfeitas com suas atuais condições. As de semiduráveis julgam que a situação da economia piorou 51,5% no último mês e investiram 19,7% menos na contratação de funcionários.