De cada dez famílias de Vitória, sete estão endividadas

dez 5, 2016

O percentual de famílias endividadas em Vitória atingiu 70,9% em novembro. Isso significa que na capital cerca de 90 mil famílias estão com seus pagamentos em atraso. O percentual representa o maior endividamento registrado no ano  e o maior nível de toda a série histórica para o mês. A taxa ficou 1,4 pontos percentuais acima da taxa registrada para o mesmo mês do ano passado. O indicador que mostra o percentual daqueles que não terão condições de pagar as dívidas atrasadas ficou em 8%. Isso significa dizer que houve uma queda na qualidade do endividamento. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor – PEIC – CNC/FECOMÉRCIO-ES.

Na análise histórica para os meses de novembro observa-se que é um mês em que o endividamento comumente foi alto, especialmente nos últimos quatro anos. O maior nível de endividamento para o mês de novembro foi em 2014, quando alcançou 72,6%. Entretanto a inadimplência estava tolerável (22,5% das famílias) e o percentual de famílias que afirmaram que não teriam condições de pagar suas dívidas em atraso estava em um nível baixíssimo (5,3%).

Já em novembro de 2016, a qualidade do endividamento caiu, mostrando um alto percentual de endividamento juntamente a um alto grau de inadimplência e a um aumento daqueles que afirmam que não terão condições de pagar suas dívidas em atraso.

Dentre os endividados, a parcela de comprometimento da renda com dívidas (como por exemplo, cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês, empréstimo pessoal, prestações de carro) foi, em média, de 26,6%. Entre as famílias com contas ou dívidas em atraso, o tempo médio de atraso para o pagamento é de 49 dias.

Em novembro de 2015 o principal tipo de dívida era o cartão de crédito para mais de 70% das famílias, o que em novembro de 2016 passou a representar 53,7%. Observa-se que as famílias têm buscado outras formas de financiamento, tendo o crédito pessoal (que correspondia a 5,2% das dívidas em novembro 2015 e passou a 45% no mesmo mês de 2016) e os carnês (que correspondiam a 21,3% em 2015 e passou a 44,2% em 2016) como alternativos. Em novembro de 2016 também se observou um aumento significativo de famílias com dívidas no cheque especial, cerca de 18% das famílias possuem esse tipo de dívida.

Por renda familiar

Na análise por renda familiar, o percentual de endividados é maior entre as famílias com renda de até dez salários mínimos, 72,9%, enquanto para as famílias com renda maior que dez salários mínimos o percentual atingiu 58%.

Brasil

Enquanto o endividamento e inadimplência cresceram na capital do Espírito Santo, o Brasil mostrou queda dos indicadores no mês de novembro. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra que, em novembro, 57,3% das famílias estão com dívidas. De acordo com a CNC isso mostra que, em geral, as dificuldades de aquisição de crédito, aliadas à perda do poder de compra por causa do desemprego, fazem com que o consumo fique retraído, o que reduz o nível de endividamento.

Comentários

Já no Espírito Santo, o percentual de famílias endividadas na capital atingiu o maior nível de 2016 em novembro e foi o segundo maior nível de endividamento registrado para o mês de novembro de toda a série histórica iniciada em 2010.

A inadimplência, por sua vez, atingiu o maior nível de toda a série histórica para o mês de novembro. O indicador que mostra o percentual daqueles que não terão condições de pagar as dívidas atrasadas ficou em 8%. Isso significa dizer que houve uma queda na qualidade do endividamento.

A alta utilização do cartão de crédito em anos anteriores pode estar sendo responsável por parte da persistência do alto endividamento e da inadimplência, fruto de um período de alto consumo. Esse comportamento junto à chegada das festas de final de ano aumenta o risco de um maior endividamento.

E ainda, identificou-se nesse mês de novembro o crescimento da utilização do cheque especial que, juntamente com o cartão de crédito, são modalidades de financiamento de fácil acesso, porém, com os juros mais altos do mercado e, portanto, perigosos quando se fala em endividamento.

Outra modalidade de crédito até então pouco utilizada aparece nas últimas pesquisas como nova forma de financiamento do consumo, que é o crédito pessoal. Nesse cenário, o aumento do endividamento junto a baixa intenção de consumo das famílias sugere a utilização do crédito para outras despesas correntes das famílias, como compras de supermercado e pagamentos de contas da casa, por exemplo.

Esse é o período do ano em que acontecem, em várias localidades, os feirões para renegociação de dívidas, cujo objetivo é ajudar o consumidor endividado a renegociar suas dívidas e voltar a ter crédito para as compras de fim de ano. A expectativa com esse tipo de iniciativa é que a qualidade do endividamento melhore, diminuindo as taxas de inadimplência. Nesse contexto, as famílias poderão utilizar parte do 13º salário para quitar dívidas. Por outro lado, abrirá espaço para novos endividamentos.